sexta-feira, julho 22

Poesia Alentejana

Tava eu atirar moncos
lá da cana do nariz
quanto fazia uma mija
assim tipo chafariz

Tinha abexiga tã chêia
que fiquê lá uma hora
quando me assomê em volta
tinha ido tudo embora

Sacudi o coiso e tal
enquanto coçava a bilha
de tal manêra atascado
que o entalê na braguilha

tirê as botas do lodo
que fizera na mijada
sacudi tamé mas calças
sempre com ela entalada

pedia juda à Ti micas
que cerca dali morava
mas depilou-me os tomates
a força com que a puxava

ensanguentado na pila
fui aos tombos pelo monti
vomitando quasi as tripas
nã sêi se queres que te conti

como comera dôs pães de quilo
e um garrafão p'rajudar a empurrare
na admira que tivesse três horas
... a vomitare

Detê-me na palha fresca
para ver se descansava
enterrê-me logo em bosta
de uma vaca que passava

E foi assim que essa tarde
conheci um caracole
os dois deitados na palha
com os cornos a secare ao sole

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